EUA e China trabalharão contra programa nuclear da Coreia do Norte

Os chefes da diplomacia americana e chinesa se comprometeram neste sábado (13) a trabalhar conjuntamente contra o programa nuclear da Coreia do Norte, durante visita do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, a Pequim.
"Tratar adequadamente o problema nuclear coreano serve ao interesse comum de todas as partes", afirmou o conselheiro de Estado da China, Yang Jiechi.


"China e Estados Unidos devem tomar medidas para alcançar objetivos de desnuclearização na península coreana", disse John Kerry.

Nem Yang nem Kerry deram detalhes de medidas concretas, mas o secretário americano disse que outras discussões serão mantidas para saber como cumprir com este objetivo.

Kerry chegou neste sábado a Pequim para tentar convencer as autoridades chinesas a subir o tom contra a Coreia do Norte e defender uma aproximação entre Seul e Pyongyang.

Depois de uma escala em Seul, onde reafirmou o apoio de Washington à Coreia do Sul, Kerry viajou para a capital chinesa, onde também se reuniu com o chefe da diplomacia, Wang Yi, e com o presidente do país, Xi Jinping.

Ao ser recebido pelo presidente Xi no Grande Salão do Povo de Pequim, o secretário americano afirmou que a situação na península coreana atravessa atualmente "um momento crítico".

"Trata-se claramente de um momento crítico com algumas questões que constituem grandes desafios", afirmou Kerry. "Questões relativas à península coreana, ao desafio do Irã e das armas nucleares, Síria e Oriente Médio, e às economias no mundo que precisam ser reativadas", acrescentou.

A China é o única aliada importante da Coreia do Norte e seu fornecedor-chave de ajuda e comércio. As autoridades chinesas têm influência sobre o governo do ditador Kim Jong-Un, que ameaçou em várias oportunidades começar com uma guerra nuclear.

No entanto, Xi não se referiu à Península Coreana em suas primeiras declarações durante a reunião, limitando-se a dizer que a relação entre os Estados Unidos e a China "se encontram numa nova etapa histórica e teve um bom começo".

ADVERTÊNCIAS

Ontem, Kerry expressou o pleno apoio dos Estados Unidos ao seu aliado sul-coreano e classificou de inaceitável a retórica belicista da Coreia do Norte.

"Se Kim Jong-Un decidir lançar um míssil, seja sobre o mar do Japão ou em qualquer outra direção, estará escolhendo obstinadamente ignorar toda a comunidade internacional", disse Kerry.

"Seria um grande erro de sua parte, já que isolaria ainda mais o país", afirmou o secretário.

Para ele, "os líderes norte-coreanos devem se preparar para viver segundo as obrigações e os critérios internacionais que eles aceitaram".

"A China tem um enorme potencial para fazer a diferença sobre este tema", acrescentou.

Nos últimos dias, Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão foram diretamente ameaçados por Pyongyang com um ataque nuclear. Esses países tentam dissuadir o Norte a realizar um teste com mísseis de curto e médio alcance.

TESTES

Em um ano, Pyongyang disparou dois mísseis (um deles, em dezembro, foi bem sucedido), considerados pelas potências ocidentais como testes de mísseis balísticos encobertos. O país ainda realizou a um teste nuclear (em 12 de fevereiro), o que lhe valeu novas sanções da ONU, motivo das novas ameaças norte-coreanas.

Ignorando as advertências de seu vizinho e aliado chinês, o Norte posicionou em seu litoral oriental dois mísseis Musudan, com um alcance teórico de 4.000 km. O artefato poderia chegar ao território japonês, sul-coreano e inclusive na ilha de Guam, no Pacífico, onde os Estados Unidos têm bases navais e aéreas.

O possível disparo de um míssil poderá acontecer em torno em 15 de abril, dia do aniversário do nascimento do fundador da dinastia comunista, Kim Il-Sung, segundo os especialistas.

Para apaziguar a situação, os Estados Unidos cancelaram na semana passada o disparo de teste de um míssil balístico intercontinental da Califórnia, o Minuteman 3. Com o mesmo espírito, Kerry desistiu de visitar na Coreia do Sul a localidade fronteiriça de Panmunjom, onde foi assinado o armistício que pôs fim à Guerra da Coreia (1950-1953).

Depois da China, Kerry viajará ao Japão, ameaçado na véspera pelo regime norte-coreano com "chamas nucleares" depois que Tóquio ordenou o posicionamento de baterias antimísseis e determinou a derrubada de qualquer míssil norte-coreano que ameaçar o território japonês.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1262232-eua-e-china-trabalharao-pela-desnuclearizacao-na-peninsula-coreana.shtml